
Nós e nosso lugar: Pálido ponto azul (*)
O desenvolvimento do nosso Sistema Solar deu-se pela condensação de uma grande nuvem de poeira e de gás em movimento de rotação no espaço. Inicialmente a Terra foi formada por material não consolidado e não possuía atmosfera ou gases que nos protegessem da radiação solar deletéria à vida e que mantivessem temperaturas que acabaram por permitir o surgimento de organismos vivos, responsáveis por alterações na composição de gases da atmosfera, o que promoveu a expansão de seres vivos e favoreceu o desenvolvimento da atmosfera atual. Muitos eventos climáticos, como glaciações, períodos com baixas temperaturas, o deslocamento de massas continentais e outras alterações na sua superfície levaram à extinção de muitas espécies aquáticas e terrestres e ao surgimento de outras, distintas, conforme registros paleontológicos. Hoje vivemos naturalmente um período de aquecimento global, amplificado pela emissão de gases de efeito estufa A história da humanidade é muito recente diante da história da Terra, cuja idade é estimada em 4,5 bilhões de anos, enquanto nossa espécie surgiu há não mais que 350 mil anos atrás. Atualmente somos responsáveis pela extinção de uma grande quantidade de espécies de plantas e de animais e de alterações climáticas que somado ao fator de estarmos passando por um período de aquecimento natural, afetamos os climas principalmente pelo desmatamento, pela emissão de gases de efeito estufa, que retém o calor em nossa atmosfera e acelera o degelo nos polos e nas altas altitudes das serras e cordilheiras, com potenciais efeitos na elevação dos níveis dos mares e oceanos, além de poluirmos o ar, a terra e as águas com diversas substâncias químicas e resíduos líquidos e sólidos. Nos afastamos da natureza ao vivermos em cidades, ambientes extremamente artificiais, com poucas áreas verdes, em parques, jardins ou na arborização urbana, ao praticarmos agricultura predatória, com a consequente poluição do ar e das águas com produtos químicos, com a erosão dos solos e com as queimadas, cada vez mais intensas e extensas, apesar das muitas alternativas de produção não degradadoras, com consequências às próprias sociedades humanas. Sobreviveremos? Muito possivelmente, e melhor se mudarmos nossa relação com o espaço que ocupamos, cuidando da recuperação de nossos lugares de vida. As alterações necessárias passarão pela educação, no lar e nas escolas, e precisará resgatar o ensino crítico, voltado à cidadania, ao convívio social e ao respeito ao outro, valorizando o bem estar social.
(*) Em homenagem a Carl Segan e sua obra, que assim denominou o Planeta Terra.


